Sucesso e sala cheia em mais uma edição do "Saraus Clássicos Cariocas", com curadoria de Dea Backheuser e Rômulo Pizzolante
Evento teve apresentação do Quarteto Atlântico, pela recém-criada Confraria Nota Azul
A atração da noite foi o Quarteto Atlântico, formado pelos jovens Bruno Valente (Cello), Ivan Scheinvar (Violino), Thiago Teixeira (Violino) e Luiz Felipe Ferreira (Viola), que completa 10 anos em 2023, e trabalha e executa um rico repertório tradicional para quarteto de cordas. A apresentação do programa para os mais ou menos 60 convidados foi do jornalista e crítico musical Arthur Dapieve, que fala sobre música clássica na rádio on-line do Instituto Moreira Salles e sempre frequentou concertos mundo afora, convidado pelos curadores - a pianista carioca Dea Backheuser, 80 anos, formada em Belas Artes, e o economista e filósofo mineiro Rômulo Pizzolante, 62.
No programa, “Burrico de Pau”, de Carlos Gomes; “Quarteto Nº 1”, de Osvaldo Lacerda (I. Prelúdio e Fuga II. Ária III. Dansa); “Adagio para Cordas”, de Samuel Barber; “Quarteto Op. 18 Nº 4”, de Ludwig Van Beethoven (I. Allegro, ma non tanto II. Scherzo. Andante scherzoso quasi Allegretto III. Minuet. Allegretto IV. Allegro); e “Primavera Porteña”, de Piazzolla.
“Depois de muito ouvirmos o Quarteto no YouTube, os assistimos ao vivo e saímos impressionados com tanto com a presença dos músicos concentrados no palco, revelando o tamanho do trabalho de tão jovens rapazes e o som que, imediatamente transformado em música de modo raro e evidente, nos levou a entrar em sintonia, entre compositores, músicos e plateia”, explica Pizzolante sobre o processo de escolha das atrações.
Além do concerto, teve mostra de um quadro de Alfredo Volpi (1896-1988), com as famosas bandeirinhas (muito usadas nas festas juninas e julinas), em homenagem ao Dia de Santo Antônio, um dos mais populares entre os brasileiros e, claro, tudo seguido de coquetel.
Como surgiu o projeto? “Eu tive um curso de música numa sala desse mesmo prédio para mais ou menos 25 pessoas durante 20 anos até a pandemia (2020). E quando a pandemia acabou, fiquei indócil. Sem música não sou ninguém! Daí chamei o Rômulo, que era um dos amigos/alunos do curso, e resolvemos criar a Confraria Nota Azul”, conta Dea, que começou a compor nesse período de isolamento social e lançou seu primeiro CD autoral no ano passado, “Um Corpo com Alma”.
A Confraria foi criada este ano pela iniciativa privada, com apoio e incentivo do próprio grupo de amigos que se reúne há décadas e têm em comum a paixão pela música de câmara e a intenção de formar plateias e abrir palcos para apresentações e, de quebra, começar com cursos de Filosofia. “Acreditamos na educação através da música e queremos atrair uma plateia jovem porque eu acho que a qualidade da música está muito ruim hoje em dia e eu fico inconformada... Você vai ao Theatro Municipal e não tem quase jovens na plateia, vai na Sala Cecília Meirelles e quase a mesma coisa, você vai na Europa e as salas estão cheias porque eles foram educados a vida inteira ouvindo música clássica. Aqui não temos essa cultura e isso é uma tristeza, então estou tentando. Tem muita baixaria na música”, diz Dea, que convida as pessoas no boca a boca e pede para levar os filhos e amigos dos filhos, colegas, netos etc.
Desde o início da Confraria, já foram cinco concertos, sempre com aproximadamente uma hora de duração para não cansar a plateia, até pela arquitetura dos espaços - o primeiro aconteceu em março, no apartamento de Dea, em Copa, para mais ou menos 50 pessoas; dois em Lavras (MG), em maio, no Auditório Marta Roberts, para 250 pessoas cada; um com a apresentação da musicista e cravista Rosana Lanzelotte, na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência (Museu Sacro Franciscano), no Largo da Carioca, no Centro, para 150 pessoas; e o dessa terça (13/06).
Olhar para o futuro
“Agora estamos tentando fazer parcerias com ONGs que trabalham com ensino de música e queremos convidar esses alunos para tocarem nos nossos projetos. E o nosso objetivo também é educar as plateias através da música. E, quem sabe, mais pra frente, a gente não faça projetos em escolas públicas, além de levar os saraus para casa das pessoas porque já estão nos convidando com o sucesso do projeto”, adianta Rômulo.
Aliás, a ideia do curso de Filosofia partiu dele: “Fiz mestrado, doutorado e pós-doutorado em Filosofia que tem a ver com essa questão da formação da comunidade, da nossa cidade e a formação da nossa cidade tem a ver com esse princípio lírico, com esse pensar sobre si mesmo, pensar sobre quem somos e a música nos favorece nesse sentido. Em paralelo aos saraus vamos criar grupos de estudos de filosofia pra compreender isso que a gente está fazendo, que é o sentido do lírico na poesia e na música e vamos abrir para rodas de conversa em breve. Acreditamos que a música tem uma enorme importância para a educação. Villa-Lobos lutou por essa questão de acreditar na educação e acreditamos que ela possa ser universalizada. Há uma vocação brasileira pela música”.
Já estão nos planos da Confraria mais três apresentações ainda este semestre, na Igreja de São Francisco, além de multiplicar o público dos saraus, seja para amantes da música de câmara ou para ouvintes novos e curiosos. Tem espaço pra todos! “Temos uma mistura muito rica e a influência de todos os continentes, da África, da Ásia, a influência indígena na nossa música, nas tradições dos cantos religiosos de Minas Gerais, então também temos uma vontade de levar o projeto Brasil adentro, mas também Brasil afora”, se empolga Rômulo.
O outro braço do projeto é o “Lavras Concertos Clássicos”, no Auditório Martha Roberts, com o próximo evento dia 8 de julho. “Fui dar uma palestra de filosofia em Lavras em 2016 e lá tem uma universidade importantíssima de agricultura, mas descobri que a música lírica tinha desaparecido da cidade. Os garotos de lá são técnicos, estão estudando na Alemanha, vão pra Kyoto, mas a música sumiu e que era uma tradição antiga que eu resolvi resgatar”, finaliza Pizzolante.
“Depois de muito ouvirmos o Quarteto no YouTube, os assistimos ao vivo e saímos impressionados com tanto com a presença dos músicos concentrados no palco, revelando o tamanho do trabalho de tão jovens rapazes e o som que, imediatamente transformado em música de modo raro e evidente, nos levou a entrar em sintonia, entre compositores, músicos e plateia”, explica Pizzolante sobre o processo de escolha das atrações.
Além do concerto, teve mostra de um quadro de Alfredo Volpi (1896-1988), com as famosas bandeirinhas (muito usadas nas festas juninas e julinas), em homenagem ao Dia de Santo Antônio, um dos mais populares entre os brasileiros e, claro, tudo seguido de coquetel.
Como surgiu o projeto? “Eu tive um curso de música numa sala desse mesmo prédio para mais ou menos 25 pessoas durante 20 anos até a pandemia (2020). E quando a pandemia acabou, fiquei indócil. Sem música não sou ninguém! Daí chamei o Rômulo, que era um dos amigos/alunos do curso, e resolvemos criar a Confraria Nota Azul”, conta Dea, que começou a compor nesse período de isolamento social e lançou seu primeiro CD autoral no ano passado, “Um Corpo com Alma”.
A Confraria foi criada este ano pela iniciativa privada, com apoio e incentivo do próprio grupo de amigos que se reúne há décadas e têm em comum a paixão pela música de câmara e a intenção de formar plateias e abrir palcos para apresentações e, de quebra, começar com cursos de Filosofia. “Acreditamos na educação através da música e queremos atrair uma plateia jovem porque eu acho que a qualidade da música está muito ruim hoje em dia e eu fico inconformada... Você vai ao Theatro Municipal e não tem quase jovens na plateia, vai na Sala Cecília Meirelles e quase a mesma coisa, você vai na Europa e as salas estão cheias porque eles foram educados a vida inteira ouvindo música clássica. Aqui não temos essa cultura e isso é uma tristeza, então estou tentando. Tem muita baixaria na música”, diz Dea, que convida as pessoas no boca a boca e pede para levar os filhos e amigos dos filhos, colegas, netos etc.
Desde o início da Confraria, já foram cinco concertos, sempre com aproximadamente uma hora de duração para não cansar a plateia, até pela arquitetura dos espaços - o primeiro aconteceu em março, no apartamento de Dea, em Copa, para mais ou menos 50 pessoas; dois em Lavras (MG), em maio, no Auditório Marta Roberts, para 250 pessoas cada; um com a apresentação da musicista e cravista Rosana Lanzelotte, na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência (Museu Sacro Franciscano), no Largo da Carioca, no Centro, para 150 pessoas; e o dessa terça (13/06).
Olhar para o futuro
“Agora estamos tentando fazer parcerias com ONGs que trabalham com ensino de música e queremos convidar esses alunos para tocarem nos nossos projetos. E o nosso objetivo também é educar as plateias através da música. E, quem sabe, mais pra frente, a gente não faça projetos em escolas públicas, além de levar os saraus para casa das pessoas porque já estão nos convidando com o sucesso do projeto”, adianta Rômulo.
Aliás, a ideia do curso de Filosofia partiu dele: “Fiz mestrado, doutorado e pós-doutorado em Filosofia que tem a ver com essa questão da formação da comunidade, da nossa cidade e a formação da nossa cidade tem a ver com esse princípio lírico, com esse pensar sobre si mesmo, pensar sobre quem somos e a música nos favorece nesse sentido. Em paralelo aos saraus vamos criar grupos de estudos de filosofia pra compreender isso que a gente está fazendo, que é o sentido do lírico na poesia e na música e vamos abrir para rodas de conversa em breve. Acreditamos que a música tem uma enorme importância para a educação. Villa-Lobos lutou por essa questão de acreditar na educação e acreditamos que ela possa ser universalizada. Há uma vocação brasileira pela música”.
Já estão nos planos da Confraria mais três apresentações ainda este semestre, na Igreja de São Francisco, além de multiplicar o público dos saraus, seja para amantes da música de câmara ou para ouvintes novos e curiosos. Tem espaço pra todos! “Temos uma mistura muito rica e a influência de todos os continentes, da África, da Ásia, a influência indígena na nossa música, nas tradições dos cantos religiosos de Minas Gerais, então também temos uma vontade de levar o projeto Brasil adentro, mas também Brasil afora”, se empolga Rômulo.
O outro braço do projeto é o “Lavras Concertos Clássicos”, no Auditório Martha Roberts, com o próximo evento dia 8 de julho. “Fui dar uma palestra de filosofia em Lavras em 2016 e lá tem uma universidade importantíssima de agricultura, mas descobri que a música lírica tinha desaparecido da cidade. Os garotos de lá são técnicos, estão estudando na Alemanha, vão pra Kyoto, mas a música sumiu e que era uma tradição antiga que eu resolvi resgatar”, finaliza Pizzolante.
"Sonâncias e Ressonâncias - Uma Ponte Poética entre o Rio e o Campo das Vertentes" é um projeto que abrange os "Saraus clássicos cariocas" (RJ) e "Lavras Concertos Clássicos" (MG).