Solução em casa: 86% das paradas cardíacas acontecem nas residências, mas a chance de sobrevivência é grande com DEA por perto

        Solução em casa: 86% das paradas cardíacas acontecem nas residências, mas a chance de sobrevivência é grande com DEA por perto

Divulgação


Ao imaginar alguém sofrendo uma parada cardiorrespiratória, talvez as primeiras imagens que venham à mente sejam aquela reação a uma dor insuportável no peito, o paciente sendo levado por uma ambulância e depois internado num hospital. Essas construções estão no imaginário das pessoas, mas a realidade é um pouco diferente.


Geralmente, o intervalo entre o início da crise, o contato com a emergência, a chegada do atendimento móvel à residência e a condução do paciente até o hospital supera bastante o tempo necessário para mantê-lo vivo, principalmente se for uma arritmia cardíaca malignas e o popularmente conhecido como infarto fulminante. A cada minuto que passa de uma parada cardiorrespiratória, o risco de morte aumenta, o que exige um socorro mais rápido do que o da equipe de emergência.


O resultado desse desacerto está nos números de um estudo da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac). No Brasil, cerca de 200 mil pessoas morrem por ano devido a arritmias cardíacas fora do ambiente hospitalar. Nada menos que 86% dessas mortes ocorrem em casa, enquanto 14% são em vias públicas ou locais com grande concentração de pessoas, como shoppings centers e clubes.


“Sofrer uma parada cardíaca dentro do hospital é tão difícil quanto ganhar na loteria. Normalmente, ela acontece em meio à rotina. Seja em casa, sentado no sofá enquanto assiste à televisão, ou durante um passeio pelo shopping. Não é uma doença que costuma dar sinais evidentes e muito lentos”, alerta Marco Antônio Marques Félix, geriatra e especialista da Cmos Drake, fabricante de desfibriladores cardíacos, com atuação no mercado há mais de 30 anos.


Por isso, a solução, segundo Félix, é ampliar o uso de desfibriladores externos automáticos, conhecidos como DEA, em casa e nos locais de circulação no dia a dia das pessoas. O DEA é um tipo de desfibrilador portátil e automático, de funcionamento simples. Ele avalia, diagnostica e trata o paciente emitindo descargas elétricas que regulam a frequência cardíaca, tudo isso a partir de um diagnóstico feito por sua própria inteligência e tecnologia. As orientações de manuseio são emitas por áudio e também no display, permitindo que qualquer pessoa, mesmo que não seja profissional, possa manuseá-lo tão logo depare com alguém sofrendo um ataque cardíaco.


“O correto é atacar os pontos de maior ocorrência de casos de arritmia, ou seja, garantir que todo condomínio, residencial e comercial, disponha de um DEA para atender a casos que surjam dentro de um raio específico.  O ideal é que exista um DEA a cada perímetro para que o tempo de chegada ao local da ocorrência não seja muito superior a 5 minutos. Chega a ser um cenário triste poder pensar quantas vidas poderiam ter sido salvas se essas 200 mil vítimas pudessem ter recebido os primeiros atendimentos com um DEA em tempo hábil. É fato que uma considerável, e substancial, parcela dessa população teria sobrevivido”, avalia o médico da Cmos Drake.



90 segundos


As estatísticas da Sobrac não são as únicas a endossar a necessidade de se ligar o alerta da sociedade para o uso de desfibriladores DEA em lugares estratégicos. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) aponta que ocorrem no país cerca de 1.100 mortes por doenças cardiovasculares a cada dia. Isto significa uma média de 46 mortes por hora, ou mais precisamente um óbito a cada 90 segundos.


“São mais de 400 mil mortes por ano. É uma quantidade altíssima, mas que certamente depende da conscientização popular para reduzir drasticamente esses números. A prevenção a esse tipo de morte é tão possível e acessível que nos é possível inclusive dizer que a quantidade desses óbitos no país beira o absurdo. Afinal, nós podemos ter essa importante arma, que é o DEA, disponível ao alcance de qualquer cidadão para evitá-las. A população precisa se conscientizar e se mobilizar para essa solução”, conclui o médico.

 

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